sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Carta de dissociação de André Antônio Gonçalves Fernandes

EU, venho por este meio manifestar a minha expressa vontade de não mais ser identificado como uma Testemunha de Jeová, em associação com a Sociedade Torre de Vigia. Através de intensa pesquisa nos ensinos e na história da Torre de Vigia, vim aperceber que muitos destes ensinos estão contra as Escrituras Sagradas e baseiam-se em especulações e interpretações humanas que mudam consoante o jeito que dá aos seus líderes.
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Não me recomeço com estando praticando qualquer tipo de erro ao apontar aquilo que considero errado do ponto de vista doutrinal na organização. Não reneguei a minha fé em DEUS ou em CRISTO JESUS. Tão somente percebi que a minha fé não estava alicerçada apenas em Jesus, a "Rocha" e o líder da congregação cristã. Percebi que tenho cumprido com zelo e esforço "tradições de homens" que por mais bem intencionados que sejam, provam-se "falsos profetas", iludidos por uma pretensa incumbência divina de guiar uma organização humana como se esta fosse em sí mesma o meio de salvação de Deus. Infelizmente esquecem-se de que a salvação não depende de homens, mas tão somente a Jeová Deus, por meio daquele que morreu por nós e que apenas por exercermos fé em seu sangue resgatador podemos esperar a vida eterna. Não reconheço por isso á organização Torre de Vigia e os seus representantes qualquer autoridade sobre mim. O meu líder é apenas Cristo Jesus e aqueles que dizem ser representantes dele, deveriam deixar a ele aquilo que lhe é devido.
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Não desejo ser visitado ou contatado no futuro e espero que a minha posição seja respeitada. O meu amor por vós não mudou e sei que vocês são apenas vítimas, assim como eu fui, cumprindo lealmente com as obrigações que vos foram impostas pela organização. Sei que um dia, quem sabe, alguns de vocês se verão na minha situação, reconhecendo como a organização distorceu inúmeros ensinos bíblicos no passado e mantém as Testemunhas de Jeová dependentes deles. Considero que tais ensinos distorcem o valor do sacrifício de Jesus e o seu trabalho como nosso Resgatador e Salvador.
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Deixo alguns exemplos de ensinos antí-bíblico:
» Jesus é só mediador dos ungidos (1 Timóteo 2:5)
» Os cristãos estão separados em dois grupos diferentes e com esperanças diferentes (Efésios 4:4)
» Deus tem uma organização na terra que funciona como "arca" para salvação daqueles que nela depositarem fé
» É pecado receber transfusão de sangue e os seus principais componentes, mas é aceitável receber frações sanguínea (Atos 15:20)
» Jesus Cristo designou o "escravo fiel e prudente" em 1919 (Mateus 24:45-47)
» Jesus não morreu na cruz, mas sim numa estaca (João 20:25; Mateus 27:37)
» 144.000 é um número literal de pessoas com esperança celestial (Apocalipse 14:1-3)
» Jesus Cristo se tornou rei nos céus em 1914 (Mateus 28:18)
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Esses e outros ensinos, não se mantém de pé perante a Bíblia Sagrada como um todo, mas infelizmente o Corpo Governante usa textos descontextualizados e até mesmo erradamente traduzidos de forma a encaixar-se na sua teologia, promovendo falsos ensinos, falsas profecias, de modo a manter sob domínio milhões de almas inocentes que apenas necessitam de Jesus em suas vidas para serem salvas.
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A propósito de Jesus, é vergonhoso como uma religião que se afirma cristã, continua a dar tão pouco a enfase a ele, quase nunca o mencionam. Ao ler o Novo Testamento, notamos como o centro da mensagem cristã era Jesus Cristo e não a Igreja Cristã em si mesma ou eventuais bençãos futuras de um paraíso com animais vivendo em paz com pessoas, juventude eterna, curas de doenças, etc. A mensagem era Jesus Cristo e ponto final! Mas a organização afastou-se de tal mensagem simples, de modo a cativar aqueles que anseiam por um mundo justo e fraterno, um mundo sem guerra e violência, um mundo de paz. Tudo isso pode estar implícito na mensagem cristã e fazer parte dela, mas não devia ser o centro dela, não devia ser o enfase dela.
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A mensagem cristã, na sua origem, não estabeleceu datas para o retorno de Jesus, não criou esperanças diferentes entre cristãos ou a ideia de que os cristãos deveriam obediência cega e ilimitada aos líderes ou superintendentes cristãos. Isso na realidade seria um "outro evangelho" que iria desenvolver-se ao longo dos séculos de especulações.
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A Torre de Vigia que tanto criticou a Igreja Católica Romana, tem vindo a desenvolver um sistema clerical bem a semelhança desta e até mesmo considerando aqueles que dela divergem como sendo "hereges" (usa o termo apóstatas para não ser tão evidente) e condena dissensores a morte pública e social, não o podendo fazer de modo literal. Pessoas como eu, que descobrem os podres desta religião são assim considerados "marginais" desta "maravilhosa" organização unida e coesa para que depois se diga que todas as Testemunhas de Jeová pensam e agem a uma só voz. Pois está claro! Afinal os milhares que a contestam são sacrificados na fogueira da morte social e banimento! Uma religião que tanto tem afirmado ser pela liberdade de expressão, ela própria não permite vozes dissidentes e as "mata" ao minimo sinal de desacordo. QUANTA HIPOCRISIA!
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Por tudo isso e muito mais, torna-se patente a hipocrisia desta seita religiosa que a tantos engana e manipula, usando técnicas de influencia indevida e absoluto controle mental. Espero que ao lerem estas palavras não pensem que estou revoltado contra vós. Isso não seria verdade. A minha, digamos que, "revolta" é contra um sistema religioso opressivo e manipulador que não deixa seus membros usarem aquilo que Deus nos deu a todos nós: Livre-arbítrio e a consciência biblicamente treinada para distinguir o certo do errado. 
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Uma religião farisaica que pretende deter o máximo controle em todos os aspectos da vida, voltando a imitar o sistema religioso do Antigo Testamento com seus sacerdotes e a Lei Escrita e onde, o pecador deveria ser punido de modo exemplar e sem perdão. Uma religião que estabelece critérios que violam até mesmo a cumplicidade conjugal, os gostos pessoais quanto a recreação, tempos livres, leitura, cinema, televisão, etc. Através da pressão do grupo, estabelecem-se normas muitas vezes não escritas de modo claro, mas impostas como se fossem lei divina. É na prática uma religião farisaica e legalista, e os seus líderes são semelhantes aos fariseus convertidos no primeiro século que acreditavam que seus co-cristãos gentios deveriam continuar seguindo o código de lei mosaica. Mas irmãos, nós não estamos mais debaixo desse código que nos condenava. Estamos debaixo da lei do Cristo que nos liberta e perdoa e nos estabelece a paz com Deus.
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Espero que ao lerem estas palavras, reconheçam em vossos corações, como o vosso trabalho, embora feito com boa motivação, será meramente em vão, visto que esta organização religiosa não tem e nunca teve a orientação de Deus. Ainda vão a tempo de se arrependerem e pararem de a sustentar, e se isso não acontecer, então as pragas descritas em Apocalipse, irão cair sobre vocês assim como também recairão nas restantes religiões que usam o nome de Deus em proveito próprio, distorcendo as verdades bíblicas a seu bel-prazer apenas para poderem dominar nações e povos.
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Muito mais poderia dizer-vos, mas deixo-vos a paz de Cristo. Que ela ilumine os vossos corações e vos faça perceber os erros que também descobri
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Com amor cristão
André António Gonçalves Fernandes
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Luanda aos, 13 de dezembro de 2016



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